27 maio, 2009

Guilherme na escalada


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No final de semana dos dias 16 e 17 de Maio, fui levar o Guilherme para escalar. A idéia era fazê-lo superar o medo de altura e vencer esse obstáculo, o que a principio foi atingido.

No sábado à tarde fomos ao Visual das Águas, onde primeiramente ele tentou escalar a via “Água Viva”, mas por se tratar de uma travessia ele, “adrenou” preferindo voltar ao solo, e tentar outras vias.
Ele entrou (de top rope) nas vias “Água Seca” e “Água Mole”, ambas de 4º grau, com um crux de 5º na primeira. Só que dessa vez ele mandou ambas, com um pouco de esforço extra na saída, por conta da estatura dele e da distancias das primeiras agarras, mas o restante o garoto mandou de boa.

No Domingo, marcamos de ir até a Maria Antonia, na cidade de Pedra Bela, onde seria a prova de fogo dele, já que apesar de ser uma ascensão muito tranqüila, 4º grau praticamente toda a via, trata-se de uma pedra bastante alta, com mais de 120 metros de altura, excelente para ele perder o medo de altura e começar a confiar mais nos equipamentos.
Para facilitar a vida, decidimos emendar as paradas, assim reduzimos de 5 para 3 cordadas, sendo a última praticamente uma caminhada. O problema de se emendar cordadas está na perda de contato visual do parceiro por muito tempo, e ficar com a corda quase no limite, mas como estávamos em um 4º grau, bastante conhecido, e como o Gui estaria sendo acompanhado de perto pelo Tomás (vulgo Jovem), não vi problemas maiores nisso e mandamos assim mesmo.
O único inconveniente é que a maioria das vias de lá, são excessivamente protegidas, considerando-se que a via é de 4º grau, há lances com um grampo a cada 3 metros! Sendo assim se você quiser emendar as paradas, e mandar a enfiada de quase 60 metros, tem mesmo de pular muitas proteções para não ficar sem costuras, ou levar umas 20 costuras.

Bem, o Gui sofreu um pouco de stress por conta da distancia do chão na primeira parada, a escalada em si, ele mandou bem tranqüilo, mas na hora de ficar preso a ancoragem e confiar toda sua existência no equipamento, ele se apavorou um pouco, chegou até mesmo a pedir para descer, mas foi se acalmando com o tempo, até que ele relaxou de vez e passou a confiar mais no equipamento, curtindo a escalada.

Depois disso foi só um passeio, ele fazendo minha segurança e sendo vigiando pelo Tomás e pelo Buda, daí para frente foi só curtição.
Fizemos cume sem maiores problema, descansamos e demos uma passeada no cume, que simplesmente é gigante, depois rolou os rapéis, onde mais uma vez o Gui passou um certo aperto, já que cada rapel era de quase 60 metros, mas no final ele superou o medo de altura e passou a confiar mais no equipo, já curtindo o passeio.













26 maio, 2009

Inicio de um projeto

Já faz algum tempo que planejo um blog, sempre penso a respeito e quase sempre esbarro na constante falta de tempo e muitas vezes, quando há tempo, na falta de disposição de iniciar esse projeto, mas enfim, cá estou dando inicio a mais esse projeto.

Inicialmente tenho a intenção principal de criar um registro, das coisas mais importantes que tenho feito em relação a escalada e montanhismo em geral, e por conseqüente compartilhar esses registros com quem posa interessar.

Comecei propriamente escalar em 1993, depois de um curso de escalada em São Bento do Sapucaí, realizado pelo Eliseu Frechou (recomendo!), mas a paixão pela escalada veio depois da paixão pelo montanhismo, esse sim me atrai, muito mais do que a escalada propriamente dita.
O inicio do montanhismo posso considerar que foi em 1992, quando pela primeira vez, tive a oportunidade de conhecer o parque nacional de Itatiaia, foi ali que me deparei com a “arte” da escala, e com a graciosidade e grandeza das montanhas. Foi ali minha primeira ascensão, o Agulhas Negras.
Apesar de considerar esse o marco inicial em 1992, muito antes disso, eu sempre fui apreciador das montanhas, lembro que quando ainda era uma criança remelenta, e viajava para Minas Gerais nas férias e passava uma temporada na casa de parentes, sempre que possível, fazia longas caminhadas para subir os morros de Minas, e ficava a apreciar a vista de cima, o entardecer, o silêncio, a paz de espírito que esse ambiente me traz, isso sempre me fascinou.

Bem resumindo, depois de alguns anos escalando, explorando cavernas, mergulhando, viajando, conhecendo lugares e pessoas de todo o tipo, eis que entre 1997 e 1998 fui de certa forma forçado a abandonar tudo, mas não de maneira espontânea e imediata, mas sim de forma gradual e consentida.
Em 1997 então com 23 anos de idade, tive um filho não planejado, algo que na cabeça e no bolso de um pé rapado como eu era , é algo muito difícil de lidar, naquele momento muitas opções se abriram, e fui forçado a escolher, nesse caso foi a de me dedicar ao rebento, algo que fiz com todo amor possível.
Não é fácil conciliar a vida de pai, aventureiro, trabalhador, estudante e ainda por cima encarar uma dureza terrível na vida financeira, e nesse quadro, só havia uma opção, abandonar o montanhismo e seus afins (como a escala), e dedicar minha vida, naquele momento a me re-estruturar e na educação do meu filho.

Bem, se passaram mais de 10 anos desde então, muita coisa mudou na minha vida, em todos os aspectos, casei de novo, “adotei” meu enteado (com 16 anos hoje), tive uma filha (com 4 anos hoje), me estruturei financeiramente, tenho uma profissão mais ou menos decente, enfim olhando para trás muita coisa mesmo aconteceu nesse período, mas ao mesmo tempo, tenho a impressão que pouco fiz.


Já me encontrava em condições mais favoráveis, tanto financeiras quanto emocionais, quando o bichinho do montanhismo voltou a se manifestar. Mais uma vez, foi em Itatiaia, no ano passado, mas dessa vez, em circunstâncias completamente diferentes.
Havia decido a levar meu filho, já com 10 anos meu enteado com 15 para acampar, sem grandes pretensões, só acampar mesmo e caminhar, no máximo ir até a base das Prateleiras e curtir o dia nas imediações do abrigo Rebouças. Mas não é que lá estando, toda a força que o montanhismo exerce sobre aqueles que como eu já tiveram essa sensação, voltou, mas agora com uma força acumulada por 10 anos!
Pois bem, não tive escolhas (mentira sempre temos escolhas, mas é como se não as tivesse), voltei à ativa, as escaladas e afins, e agora estou inaugurando um blog para compartilhar e registrar essas minhas novas aventas, com aqueles com que gosto de estar junto.
Espero que eu consiga manter esse blog, assim como manter em vivo em mim a necessidade do contato com as montanhas e as escaladas, claro que conciliando a vida profissional, conjugal e paternal, bem e a financeira também, já que nada é de graça.